Convenção Ortográfica da Lingua Mirandesa
1ª Adenda à Convenção Reconhecimento oficial de direitos linguísticos da comunidade mirandesa A Língua Mirandesa, ao contrário do que muitos pensam, não é uma mistura do Português com o Castelhano. Esta descende directamente do latim popular, tal como as anteriores, sendo um dos ramos do Leonês, mas por ter ficado isolada evoluiu de uma forma diferente. O mirandês era inicialmente uma língua oral, principalmente falada no trato diário e no comércio local, por lavradores, boieiros e pastores. Marcada por uma grande rusticidade, esta língua é sobretudo uma língua do trabalho, do campo, do lar e do amor entre os Mirandeses. Nos anos 80 foi criada , nas escolas do 2ºciclo do ensino básico, de Miranda do Douro e de Sendim, uma disciplina opcional de Língua Mirandesa, para incentivar a população a não deixar de falar o Mirandês, sobretudo as camadas mais jovens, de modo a que se abandonasse a ideia de que esta forma de comunicação era sinal de incultura. Esta língua começou por ser um dialecto, que nos finais dos anos 90 foi elevada a segunda língua nacional de Portugal. “Reconhecimento oficial dos direitos linguísticos da Comunidade Mirandesa”, Lei da Assembleia da República nº7/99 de 29 de Janeiro, DiáriodaRepública, I SérieA, nº24 de 29/01/1999, p. 544. A partir da elevação do Mirandês a segunda língua nacional criou-se uma Convenção Ortográfica e publicaram-se várias obras em Mirandês incluindo um Dicionário Mirandês/Português, sendo a mais recente um dos livros da colecção Asterix. Colocaram-se pelo concelho de Miranda várias placas toponímicas em Mirandês.Igualmente dentro do Centro histórico da Cidade form colocadas placas toponímicas em todas as ruas e monumentos quer históricos, religiosos e notáveis. LA NÔSSA LHÊNGUA  António Maria Mourinho, 1917-1996. (Autor da aguarela reproduzida, o Pintor Manuel Bandarra.) |
Armanos cantai ã charro, Na nossa lhêngua q’hardêmos; La fala de nôssos pais Yê l pertués que tenemos. Ah! Fála nôssa i siêmpre biba, Falada i nunca screbida!... Tu sós La mais rica eiterna i nobre hardança Q’ã beisos de criança Me dórun cul pã negro Mius pais i mius abós. Falai-la, mius armanos. Guardai-la!... Stimai-la!... Yê fala probe, Mas nobre. Yê armana doutras falas Que falã ouropeus i amaricanos, Asiáticos i africanos… Baliêntes i cristianos!... …Se ã «charro» digo «mai»!... Fai-me lhembrar ternuras Agradables i puras De quien me dou sou peito Al son d’ l amor nun ai!... Se chamo pur Jasus, Relhembro no miu seno, La fé, la eiterna lhuç… El bun bibir sereno Que m’ansinou a ber Miu pai cum’ s’ fusse a ler, No altar i nuã Cruç!... António Maria Mourinho In «Nôssa Alma i nossa tiêrra». Imprensa Nacional de Lisboa, 1961.
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